ATUALIDADES
Caros Leitores e Leitoras, essa resposta, vale ouro!…ou melhor, vale água.
Observando o grafico1 ao lado, verificamos que o problema não é, exatamente, a falta de chuva.
Vejam que em 2014, auge da Crise Hídrca em São Paulo, a chuva segue seu ritmo habitual quando comparado com a curva atual, em 2025, inclusive, em 2025, muito provavelmente, vai chover a mesma quantidade que em 2014.
Outro ponto importante é o Volume de água disponível no reservatório. Observe o gráfico 2.
Note que, exceto no auge da crise hídrica em 2014/2015, a curva do gráfico 2 revela que o volume armazenado no reservatório, acompanha os períodos das chuvas e da estiagem.
Também não é tão simples, associar o volume de água somente ao consumo. Observem o gráfico 3 ao lado.
Vejam que o consumo, praticamente, se mantém estável no período da crise hídrica. Entretanto, observa-se um aumento a partir de outubro/2022.
Entretanto, não podemos subestimar o crescimento e a expansão urbana. Observem a Figura 1.
A Figura 2 podemos verificar os reservatórios que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e a quantidade de pessoas atendidas.
Observem que o Cantareira abastece aproximadamente 9 milhões de pessoas, ou seja, quase a metade (43,37%) de toda a população da RMSP (estimada em 20.751.191)
Contudo, a água que chega nos reservatórios também é utilizada por outros setores da economia, sendo captada nos afluentes que abastecem os reservatórios.
Vejam a Figura 3 mostra o consumo ESTIMADO de cada setor.
No gráfico acima, nota-se uma tendencia (muito pequena) de queda no volume de chuva no sistema Cantareira. (linha vermelha)
Não há dúvidas de que para termos e mantermos os reservatórios em níveis satisfatórios, evitando o rodízio, precisamos atuar, fortemente, na Gestão Integrada das Bacias Hidrográficas, o que envolve as três esferas de Governo (Federal, Estadual e Municipal) e, principalmente, toda a Sociedade.
Na figura abaixo é possível visualizarmos Regiões Metropolitanas do Estado de São Paulo e os Mananciais que atendem às demandas municipais e regionais.
VOCÊ TAMBÉM É RESPONSÁVEL! | ECONOMIZE ÁGUA!
Segundo o Relatório Conjuntura Brasil de Recursos Hídricos 2024,
“A variabilidade das vazões nos rios nem sempre acompanha o comportamento das chuvas, indicando que outros fatores além da questão climática, como os associados aos usos da água, operação de infraestruturas, uso e ocupação do solo, dentre outros, impactam de maneira significativa a disponibilidade hídrica”
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, (Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO), cujo relatório Progresso na mudança na eficiência do uso da água – Atualização de 2024 – Situação intermediária do Indicador 6.4.1 dos ODS e necessidades de aceleração, com foco especial na Segurança Alimentar e nas Mudanças Climáticas,
Para melhorar a eficiência do uso da água, ações específicas devem ser implementadas nas seguintes áreas chave:
- AMPLIAÇÃO DAS MELHORES PRÁTICAS E TECNOLOGIAS INOVADORAS
- APRIMORAR A GOVERNANÇA.
- DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES
- FINANCIAMENTO
- APRIMORAR A BASE DE DADOS
Entretanto, da mesma maneira que a população da RMSP está enfrentando com o “nova” modalidade de Rodízio de água (redução da pressão), os municípios das demais regiões do Estado, também estão na mesma situação.
Quanto mais cedo entendermos que as mudanças climáticas estão presentes e que o clima está imprevisível, as estações climáticas do ano, já não parecem tão caracterizadas. Isso faz com que haja uma variação no regime hídrico pois, as chuvas não ocorrem com a mesma intensidade e volumes esperados.
Os Fóruns mais apropriados para debater e propor alternativas e soluções são os Comitês de Bacias Hidrográficas (CBH) que, já discutem a preocupação com o abastecimento público e usos múltiplos.
Adicionalmente, como podemos observar, a água que chega nos reservatórios, não é somente para o abastecimento público. Os usos múltiplos dos Recursos Hídricos, no Brasil, necessita de MAIOR CONTROLE E FISCALIZAÇÃO.
No gráfico as outorgas concedidas aos usuários dos recursos hídricos somente para o Estado de São Paulo (67.398 outorgas). No Brasil foram 211.344 sendo, a Irrigação 55.745 (26,37%).
Isso, sem contar as empresas/pessoas que utilizam as águas superficiais e subterrâneas sem nenhum critério e a fiscalização não chega. Consequentemente, poluem os rios.
Para fiscalizar as empresas, o sistema da Junta Comercial cruzaria as iformações da empresa com as dos órgãos ambientais e das concessionárias de serviços públicos, que, em função da localização, criaria um “alerta”, verificando se há infraestrutura no local.
Ações no curto prazo
Conscientização
As campanhas de Educação Ambiental devem ter como alvo, os adultos e as empresas uma vez que, estão à frente das organizações e famílias.
Fiscalização
A Fiscalização, precisa ser aprimorada com equipamentos modernos (Drones, Satélite, etc) e aumento do efetivo operacional.
Investimento em Tecnologia
Investimento em Tecnologia para implantação de Rede de distribuição de água mais eficientes, reduzindo perdas.
Recuperar as Áreas Degradadas
A Recuperação das áreas degradadas, talvez seja o mais importante pois, restabelecerá o equilíbrio ambiental nas áreas da Bacia Hidrográfica.
Minimizar a Vulnerabilidade
A Assistência à população mais vulnerável poderia verficar a viabilidade da Doação de caixas d’água e implantaçãodas redes de distribuição de água e coletora de esgoto em áreas de habitaçaõ subnormais.
Recursos para realizar as ações
Os recursos para colocar em prática as ações e outros projetos, podem ser obtidos junto ao Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO)[1] cujos recursos são provenientes da Compensação Financeira pelo Uso de Recursos Hídricos – CFURH, Cobrança pelo Uso dos Recursos Hídricos e Outras Fontes. Em 2024 foram concluídos 289 empreendimentos financiados pelo FEHIDRO, que tiveram um valor total pago de R$ 167,3 milhões. | Confira o Relatório completo no link SigRH
Lembrando que existem diversas fontes de recursos internacionais a fundo perdido.
Diante do que apresentamos neste artigo, ficou claro que não basta chover em cima do reservatório para termos água em abundância, é imprescindível recuperarmos e preservarmos a área de toda a Bacia Hidrográfica.
Uma das possíveis respostas à nossa pergunta inicial é, o risco de escassez da água, hoje, é uma realidade. Entretanto, nós podemos evitar que isso aconteça.
Você está fazendo a sua parte? | “Seja responsável, economize água”
Agora É Com Você!
Abraços!
Engº Ricardo Ribeiro.
[1] O Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FEHIDRO), regulamentado pelo Decreto Estadual nº 48.896/2004 e suas alterações, é a instância econômico-financeira do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIGRH). Vinculado à Coordenadoria de Recursos Hídricos (CRHi) da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (SEMIL), é operado através do Departamento de Operacionalização do Fundo (DOF). Seu objetivo é dar suporte à Política Estadual de Recursos Hídricos, por meio do financiamento de programas e ações na área de recursos hídricos, promovendo a melhoria e a proteção dos corpos d’água e de suas bacias hidrográficas. Esses programas e ações devem vincular-se diretamente às metas estabelecidas pelo Plano de Bacia Hidrográfica e estar em consonância com o Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH)

Progresso na mudança na eficiência do uso da água – Atualização de 2024
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, (Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO)